quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Tradução parcial do livro "Pesquisando o Sobrenatural" Autor: Ken Morita Parte 1

A abreviatura do Instituto Monroe é MI. Os dirigentes do Instituto costumam chamar a este 'mundo aqui' de Here e o 'mundo acolá' de There; a sessão seguinte era denominado de "MIT" (abreviado de MI-There). O objetivo era acessar o Instituto Monroe construído no mundo não-físico.
Muitos participantes do curso já haviam acessado MIT no passado, e cada um ia 'construindo' o prédio do Instituto, cada qual conforme sua própria imaginação. No que foi sendo definido na imaginação cada vez mais, acabou se tornando tão sólido quanto o prédio do 'mundo aqui'.
A sessão teve início. Assim que acessei o 'foco 27', procurei pelo MIT. O ato de procurar, neste plano, não é como na terra, como sobrevoar a mata à procura de algum prédio. Naquela vez em que Ken-ichi voou comigo o objetivo era 'passeio turístico'. Para que mover-se para um determinado lugar, basta mentalizar a imagem mental daquela lugar e instantaneamente se encontrava no lugar. No meu caso achei que uma boa maneira de facilitar a ida era me deitar com a fotografia do prédio junto ao meu corpo físico, e foi o que havia feito.
Vi, então, uma espécie de construção como Partenon, da Grécia, um prédio feito de muitas colunas. O material da construção se parecia com mármore.
Ao entrar para dentro, encontrei uma escada para o subsolo. Desci a escada, e no final da escada estava uma porta. Estava escrito nela: "Sala de Entrevistas".
"Hum... então no MI deste lado se fazem entrevistas..." - pensando assim, bati a porta.
"Who are you?"
Ouvi uma voz me perguntando.
"My name is Ken" - respondi. 

A voz do outro lado replicou, com um leve tom de irritação.
"No! I asked you who are you."
Pensei - (bem, o cara não escutou direito...)
"My name is Ken" - disse novamente.
Todo este diálogo se dava mediante telepatia, e não era necessário Inglês, mas como toda a conversação no Instituto era feita em Inglês, a minha mente automaticamente traduzia tudo em Inglês.
Assim que falei de novo o meu nome, a voz respondeu.
"Eu já escutei que o seu nome é Ken, mas a minha pergunta era: quem é você."
Fiquei sem fala - (mas... que diabo é isto aqui?)
"Pra que você quer saber?" - perguntei.
"Eu não tenho nenhum pra quê. Foi você quem bateu a porta. Se você não tivesse batido a porta, nada disso teria acontecido."
"Olha, combinamos com todo o pessoal do Istituto, que nos encontraríamos aqui."
"Não. Foi você quem quis vir até aqui."
"Se você me pergunta quem sou, é natural que eu responda dizendo qual é o meu nome. O que há de errado nisso?"
"Se eu nunca te vi antes, de que adianta me falar o seu nome? Este nome nada significa pra mim."
Os argumentos da voz do outro lado pareciam imbatíveis. Gradativamente percebi que a voz que parecia vir de outro lado, na verdade, vinha diretamente da porta diante de mim. Resolvi então chamar a esta voz de 'Sr. Porta' - mas não estava certo se isto que estava acontecendo era algo normal numa viagem fora do corpo: dialogar com uma porta...
"Logo, logo, você terá que retornar" - disse o sr. Porta.
Ouvi o som do sinal de retorno, e imediatamente eu estava de volta ao leito, no Instituto.
Relatei esta experiência minha na reunião de compartilhamento, e todos riram de mim. Isto era compreensível, pois enquanto outros falavam de suas experiências de profundas percepções espirituais, eu falava de uma convesa com uma porta...
Nesta sessão parecia que havia tido uma série de instruções da sala de controle, de modo que ninguém teve folga durante a sessão, mas eu havia deixado de escutar todas estas instruções. Não sei dizer que foi distração minha, ou se eu estava em algum outro mundo.
A maioria tinha relatos semelhantes do local visitado durante a sessão, e todos haviam visto colunas de mármore, mas eu era o único que havia visto aquela porta no subsolo.
A sessão seguinte também consistia em visitar o MIT, e desta vez iríamos visitar a Biblioteca do Instituto. Com certeza iríamos ter acesso a livros a respeito do Universo, sua história e seus segredos, e isto me deixava bastante entusiasmado.
Ao acessar a MIT, novamente me vi indo para o subsolo, à procura daquela bendita porta. Bati a porta. 
"Quem é você?"
Novamente a pergunta do Sr. Porta. Tudo iria se repetir como da outra vez. Resolvi partir para ofensiva, saindo-me com essa:
"Eu é que te pergunto: quem é você?"
"Quem bateu a porta foi você. Eu não tenho a necessitade de responder quem sou."
Ele estava corretíssimo.
"Entendi, entendi... eu vou responder. Eu preciso te fornecer quaisquer outras informações que não seja o meu nome, certo? Nasci no Japão, em Tóquio, em 1951, sou casado, sou um empresário, mas a minha ocupação principal é pesquisador de fenômenos paranormais. Estou aqui com esta finalidade. Assim está bom?"
A porta guardou um momento de silêncio, depois do qual disse:
"Isto é tudo?"
"Quer mais? Tem muito mais ainda. Eu estava me esquecendo de falar do meu bichinho de estimação. Ela é uma cadela da raça de Golden-Retriever. Ele é muito amiga minha. Seu nome é Felure. Dei o nome observando a maneira como ela balança o rabo. Está gordinha, e já passou dos 30 quilogramas. Eu telefonei para casa ontem, e me disseram que ela dorme na minha cama. Não é bonitinha? Ou será que fugi demais do assunto? "
"E isto é tudo?"
"Não basta? Mas esta história vai tomar uma eternidade. O curso do Instituto dura apenas seis dias... e já estou nas últimas sessões."
"Eu sei disso."
"Você sabe disso... e o que devo fazer, então?"
"É só ir embora daqui."
"Bem, isto está claro, mas, não é natural que alguém sinta vontade de entrar onde há porta? E os outros? Não passaram por aqui, não? Ah, pode deixar, que eu pergunto pra alguém que já tenha passado por aqui, como é que se abre esta porta."
"Você é o único a chegar por aqui."
"O pessoal já deve estar na Biblioteca a esta altura... estou escutando as instruções. Por que só eu tenho que ficar aqui?"
"Aqui é o seu espaço."
"Meu espaço?"
"Sim. Você me nomeou de Porta, mas Porta e você são a mesma coisa. "
"Aham... agora eu entendi; pode me fazer a pergunta de novo."
"Quem é você?"
Eu quis ser esperto, e aproveitar a dica dada.
"Eu sou a porta."
No instante seguinte eu estava de volta ao meu leito. Parecia que o meu corpo quis fazer a volta involuntáriamente, mas, na verdade, era o som de instrução que vinha do falante, da sala de controle lá do Instituto. Eu havia perdido a oportunidade de visitar a Biblioteca.
Quando eu relatei o ocorrido na reunião de compartilhamento, fizeram um grande silêncio, e, estranhamente, todos ali escutavam com muita atenção. Os americanos e demais estrangeiros presentes disseram que esta conversa mantida com a porta é a própria 'Conversação Zen' (Zen Mondo). Alguns disseram que esta era a 'Pergunta Final', ou seja, a suprema questão de toda a existência humana. 
No jantar que se seguiu, o assunto na minha mesa era sobre o Zen Mondo. Alguns deram palpite, dizendo que se estivesse no meu lugar responderia dizendo: "Eu sou o que sou" - mas mesmo esta resposta não me parecia ser satisfatória para o sr. Porta. A sugestão dos colegas era que eu pegasse pelo menos umas dicas com o Sr. Porta.
A sessão seguinte era projeção do filme cujo tema girava em torno da vida, da existência, deste mundo e do mundo do além. 
No dia seguinte, ao iniciar a nova sessão, fui 'correndo' para a porta.
"Pode me fazer a pergunta" - fui seco ao assunto.
"Quem é você?" - a porta me perguntou.
"Eu sou o que sou."
"Esta resposta é suficiente para que você entenda a você mesmo?"
"Não..."
"Então pára de ficar pegando resposta dado por outros."
"Quer dizer que você estava escutando a nossa conversa na mesa do jantar de ontem?"
"Não escutei nada. O som da terra não atinge o nível do foco 27"
"Então, por que você disse que eu havia pegado a resposta de outros?"
"Eu li a sua mente."
"Se você sabe ler a minha mente, por que precisa me perguntar quem sou?"
"Eu sei quem você é."
"Hum."
"Mas você ainda não sabe que você é."
"Hã?..."
Neste ponto sentia que a convesa tomava rumos inesperados, e já nem me preocupava mais com o restante do pessoal.
"Por favor, me dê uma dica."
"Que tipo de dica?"
"Bem, existe resposta para esta pergunta? Eu nem gostaria de quebrar a cabeça com uma pergunta sem resposta."
"Sim, existe uma resposta."
"Em quantas sentenças?"
"Uma sentença."
"O que? Uma só sentença para definir quem sou eu?"
"Sim."
"Isso é impossível."
"Não, é possível."
"Olha aqui, eu não sou tão 'raso' a ponto de caber numa definição de uma sentença só."
"Agora pouco você quis se definir com uma sentença - eu sou o que eu."
"É mesmo..."
Ficamos um tempo mudos.
"A instrução para o retorno já começou. Preciso de uma dica"
"Quando você nasceu, você não tinha um nome"
"Não, porque assim é normamente. Mas isto é a dica?"
"Sim, é a dica."
Seguiu-se mais um momento de silêncio. Agora o sinal de som da sala de controle indicava a instrução para a volta.
"Eu voltarei."
Assim eu me afastei da porta. Na reunião de compartilhamente nada falei, pensando apenas na dica dada pela porta.
(Eu não tinha nome algum ao nascer... dizer o meu nome Ken não tem nada a ver com o meu estado de recém-nascido. Como terá sido isto, na minha condição sem nome nenhum... será que respondo: eu sou sem-nome? Não, não pode ser...)
[pulando um trecho de 3 páginas sobre um tema paralelo]
Na sessão seguinte, desci novamente para o subsolo, e perguntei à porta.
"Poderia me explicar melhor sobre qual é a condição de recém-nascido, sem nome?"
"A questão de ter ou não ter nome é de menos, apesar de ser um dos componentes. É que foi a primeira coisa que você havia respondido, por isso insisti neste ponto. O mais importante, na verdade, é a condição de um recém-nascido. Como é que você estava no instante do seu nascimento?"
"Eu não falava..."
"Eu pensei que você fosse mais esperto..."
A porta disse num tom de decepção, e eu tinha que agüentar mais este insulto...
A porta me perguntou novamente.
"Como é um bebê recém-nascido?"
Fiquei sem resposta.
"Eu tenho então que definir um bebê recém-nascido, certo?"
"Sim."
"..."
"Bem, eu tenho que ir. Quero mais uma dica."
"Você, no instante do seu nascimento, tinha 360 graus de possibilidades."
Neste instante soou o sinal de volta. 
Enquanto eu estava deitado no meu leito do meu compartimento, o gravador começou a gravar automaticamente. O gravador era controlado da sala de controle, a fim de facilitar quem quisesse gravar as suas impressões imediatamente após a experiência.
Então, eu obtive a resposta. 
Gravei a minha voz, com a minha resposta obtida...
Na sessão seguinte, fui direto à porta.
"Por favor, faça-me de novo a pergunta."
"Quem é você?"
"Eu não sou ninguém."
No mesmo instante a porta se deslocou da parede, e veio em minha direção, unindo-se ao meu corpo. Vi diante de mim um mundo inteiramente luminoso.
No exato momento de a porta se juntar a mim, havia me dado uma mensagem.
"Eu era você mesmo. Vocês estava na verdade dialogando consigo mesmo. Você sabia disto, por isso voltava aqui sempre, aceitando o desafio proposto. Você acabou de vencer um grande obstáculo."
Eu dei um passo adiante, no mundo de intensa luz. Um passo atrás era aquele porão escuro do subsolo, mas agora tudo era luz...
[fim de uma parte, pulando uma porção de assuntos paraleleos...]

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